Olhavas - óculos na testa -
e vias com a lupa da alma
calando mistérios.
Bastava a tarde
que dizia a superfície das coisas.
A luz se espreguiçava no terraço
com seus dedos de sombra. Amigos
iam chegando, a festa do pensamento
se iniciara. Conceitos fugiam
(ou símbolos)
e eram capturados na tapeçaria do dia
quase findo. Cachimbo na mão
investias contra argumentos
vacilantes e os deitavas por terra.
Amavas decifrar o sutil e ambíguo,
erguias paradoxos cambaleantes.
Nomes não davas
acaso os suprimias e ao chão em que andavam -
Bodenlos - assim olhavas o esvoaçar
de gente, pensamentos. Bodenlos.
Enfim te atiravas à poltrona segura -
sorrindo - em silêncio.
Dora Ferreira da Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário